
Eu nem sei ao certo o que estou digitando, as lágrimas ainda banham meu rosto, vê-lo ali inerte naquele caixão não foi fácil, pensei que não iria conseguir ficar em pé, precisei ser amparada pelo meu esposo.
A dor é muito grande...
Lidamos mal com a ideia de morte.
O comum dos viventes lida mal com ela.
É algo que nos é estranho, não encaixa bem na vivência, já que é contrária a ela.
Consideremos a morte como ela é: sofrimento, separação, saudade.
Morte é sofrimento duplo: para quem vai e para quem fica a dor é imensa.
Morte é separação real, para quem fica, e separação temida, para quem vai.
Morte é saudade, para quem fica.
Quanto pressentiu a morte, Jesus desejou não experimentá-la, por causa do sofrimento que a envolveria.
Viver pode ser sofrer:
Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem - não foi homem,
Só passou pela vida - não viveu.(Francisco Otaviano)
Tendemos a viver como se não fôssemos morrer. Não importa o nosso comportamento: ela virá.
Curtamos as pessoas agora
.Elogiemos, cultivemos agora os nossos filhos, nossos pais, nossos amigos.
Não dê motivo para se sentir culpado quando o outro (pai, filho, cônjuge, neto, avô) se for.
Muito da dor do luto vem da culpa de não ter curtido o vivo.
Davi chorou a morte do filho Absalão (2Samuel 18.33),
mas é possível que parte da sua dor tenha advindo de sua culpa pelo péssimo pai que foi.
Se um dia vamos mandar flores, que não seja no dia do funeral.
Seja agora, como pede o poema de Myrthes Mathias, "Agora".
Afirmemos e celebremos a soberania de Deus.
O Senhor dá a vida; o Senhor dirige a história.
Deus é soberano quanto quebra as regras para nos deixar viver e quando mantém as regras que produzem a morte. Jó pôs os termos certos: "Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor" (Jó 1.21).
Diante da morte, faz parte do processo de maturidade fazer todas as perguntas. Sabemos que as respostas não nos satisfarão, mas precisamos fazer as perguntas.
Acredito que Deus não se aborrece com as nossas perguntas.
Se vierem as respostas, façamos novas perguntas e partamos para um novo momento em nossas vidas. Se as respostas não vierem, continuemos perguntemos, mas não paremos de viver.
Em tudo agradecemos a Deus que venceu a morte.
Espírito Santo console os nossos corações!!!